Papa Francisco morre aos 88 anos
Por Humberto Brassioli Corsi – Redator Chefe
Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2025, o mundo amanheceu mais silencioso. Morreu, aos 88 anos, o Papa Francisco — nascido Jorge Mario Bergoglio — o primeiro papa latino-americano da história e, talvez, o último grande líder espiritual global que ousou confrontar o sistema com gestos de humildade, palavras de resistência e uma fé que abraçava os marginalizados.
O pontífice faleceu às 7h35 (horário do Vaticano), na Casa Santa Marta, após complicações respiratórias. Seu último gesto público foi a bênção “Urbi et Orbi” no domingo anterior, encerrando um pontificado de quase doze anos que marcou profundamente a história da Igreja Católica e o coração de crentes e não-crentes em todos os cantos do planeta.
Um nome, uma missão
Ao ser eleito em 2013, Francisco fez história ao ser o primeiro a escolher esse nome. A escolha não foi casual. Veio de um sussurro do cardeal brasileiro Cláudio Hummes: “Não te esqueças dos pobres”. Foi então que Bergoglio ouviu no coração o chamado de Francisco de Assis — o santo da pobreza, da paz e da ecologia.
Como o santo que inspirou seu nome, o Papa Francisco fez da simplicidade sua arma e da fraternidade sua doutrina.
O papa das periferias
Francisco foi o primeiro papa jesuíta, o primeiro vindo do hemisfério sul, e o primeiro a colocar os pobres no centro da agenda vaticana desde o início de seu papado. Argentino de Buenos Aires, filho de imigrantes italianos, ele cresceu entendendo a realidade das ruas, dos trabalhadores e das vilas. Não à toa, optou por morar na Casa Santa Marta e não no tradicional Palácio Apostólico.
Do Vaticano às favelas do Rio, das fronteiras da guerra à Amazônia, Francisco pregou a unidade, a solidariedade e o amor aos que mais sofrem. Em tempos de muros — físicos, ideológicos e religiosos — ele insistiu em construir pontes.
Uma fé que dialoga
“Não se constrói a paz com intolerância religiosa, mas com diálogo entre as fés”, dizia o Papa em encontros inter-religiosos. Francisco foi o pontífice que estendeu a mão ao islã, que conversou com evangélicos e protestantes, que pediu perdão aos povos indígenas e que se posicionou contra a homofobia, ainda que com cautela doutrinária. Para ele, o amor vinha antes do dogma. “Quem sou eu para julgar?”, disse ao ser perguntado sobre os homossexuais, abrindo espaço para uma nova linguagem dentro da Igreja.
Do futebol à fé popular
Apaixonado por futebol, Francisco era torcedor fervoroso do San Lorenzo. Nunca se decidiu entre Maradona e Messi, preferindo enaltecer Pelé como símbolo de genialidade esportiva e humana. Como bom sul-americano, sabia que a mística do povo passa pela bola, pela religião, pela política e pelas dores cotidianas. Francisco fazia da palavra um gol de placa: falava como o povo, sem afetação, com amor e firmeza.
O último adeus
O corpo de Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, conforme seu desejo de humildade. A sede vacante se inicia oficialmente nesta semana, e o conclave que elegerá seu sucessor deve acontecer entre os próximos 15 e 20 dias.
Enquanto o mundo especula sobre o próximo papa, a América Latina se despede de um dos seus filhos mais ilustres — aquele que provou que Deus pode falar espanhol com sotaque portenho, que fé e justiça caminham juntas, e que um pontífice pode, sim, ser revolucionário sem deixar de ser profundamente espiritual.
Francisco foi, acima de tudo, um Papa da vida. E como disse certa vez:
“A realidade é superior à ideia. A fé se faz no concreto. Jesus está nos pobres, nos imigrantes, nos encarcerados. Quem não os vê, não vê o Cristo.”
“Neste momento de luto e de reverência, celebramos a memória de um homem que rompeu tradições não para negá-las, mas para fazê-las florescer à luz do mundo contemporâneo. Um Papa que não teve medo do novo. Um Francisco que foi, verdadeiramente, Francisco.” Afirmou o jornalista Humberto Brassioli Corsi.
Redação – por Humberto Brassioli Corsi
Fonte – Vaticanonews